- Mais de 2 milhões de passageiros transportados nos primeiros nove meses do ano;
- Impactos extraordinários na operação conduziram ao aumento de custos com impacto nos resultados da SATA Internacional – Azores Airlines, mas com resultado líquido positivo no trimestre;
- Receitas acumuladas nos primeiros nove meses do ano na SATA Air Açores aumentaram 4,9%;
- Estão em curso medidas para melhorar performance económica do grupo;
O Grupo SATA transportou 2,1 milhões de passageiros nos primeiros nove meses de 2024, atingindo este número pela primeira vez na sua história. Quando comparado com o período homólogo, este valor representa um aumento de 14%. Nas receitas, manteve-se a tendência de crescimento já registada no ano passado, tendo-se ultrapassado os 350 milhões de euros o que representa um aumento de cerca de 17% quando comparado com igual período de 2023.
A capacidade disponibilizada registou um aumento de 12% face aos primeiros meses de 2023 traduzindo-se num incremento geral da taxa de ocupação média (load factor) do Grupo em 1,5 p.p, cifrando-se em 80,9%.
A ocorrência de alguns eventos extraordinários com impacto negativo na operação e a evolução da estrutura de custos operacional e regulatória fizeram recuar o EBITDA consolidado para 17,8 milhões de euros até setembro de 2024, que compara com os 40,4 milhões de euros verificados no período homólogo.
O resultado líquido acumulado a setembro é negativo em 43,6 milhões de euros, que compara com 11,1 milhões de euros negativos no ano anterior em igual período, em resultado da redução do EBITDA, do aumento dos custos com depreciações, que resulta do aumento de frota disponível, e imparidades. Em sentido inverso, foram registadas melhorias nos gastos financeiros do Grupo.
Azores Airlines com resultado líquido positivo no trimestre e com resultados a refletir aumento de custos
A SATA Internacional - Azores Airlines manteve a tendência de crescimento de receita sustentada no aumento de capacidade disponibilizada para o Verão IATA, permitindo atingir, no terceiro trimestre 2024, um total de 143,1 milhões de euros, mais 27,4 milhões de euros quando comparado com o terceiro trimestre de 2023.
Este crescimento assenta em diversos fatores, entre os quais um conjunto de iniciativas operacionais e comerciais que proporcionaram uma oferta de viagens cada vez mais cómodas, com a aposta em novas rotas, tais como Ponta Delgada – Montreal, Ponta Delgada – Milão e Ponta Delgada - Faro. Resulta, ainda, do acréscimo de oferta de novas rotas de ligação direta entre o Porto e Funchal aos EUA e ao Canadá, efetuadas através de ACMI, que acabaram por se revelar opções comerciais pouco adequadas, sobretudo pelo incremento de custos associados. Este último efeito foi particularmente visível no 3.º trimestre de 2024, na medida em que a referida operação ACMI se desenrolou durante os meses de junho a setembro, facto que não se verificou em 2023.
Tendo em conta os primeiros nove meses de 2024, a companhia atingiu os 278,6 milhões de euros de receita, um aumento de 23% quando comparado com igual período de 2023. Para estes números contribuiu o aumento significativo de passageiros transportados no terceiro trimestre, cerca de 613 mil, mais 15% quando comparado com o mesmo trimestre de 2023.
A taxa de ocupação média dos voos (load factor) foi de 85,7% no terceiro trimestre de 2024, menos 1,2 p.p. face ao período homólogo, consequência do aumento de produção com aeronaves maiores, sendo que uma parte relevante desta redução resultou da oferta realizada através de ACMI, que se baseava em aeronaves com porte excessivo, impactando negativamente no load factor.
Apesar do aumento de receitas, o terceiro trimestre de 2024 registou um aumento de custos operacionais, uma tendência verificada em vários outros players do setor. Após um primeiro semestre muito marcado por irregularidades provocadas sobretudo por questões meteorológicas e atrasos na conclusão de trabalhos de manutenção, a Azores Airlines continuou a evidenciar uma elevada pressão sobre os custos.
Os custos operacionais do terceiro trimestre aumentaram 28,6 milhões de euros (mais 31%), face ao período homólogo de 2023, decorrente sobretudo dos seguintes fatores: mais 5,7 milhões de euros de gastos com pessoal; mais 5,4 milhões de euros de gastos com ACMI; mais 9,4 milhões de euros de custos diretos como combustíveis, handling e catering.
Os resultados operacionais antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) do terceiro trimestre foram positivos em 20,6 milhões de euros. Já os resultados operacionais acumulados até setembro de 2024 totalizam 15,6 milhões de euros face a 24,6 milhões de euros registados no mesmo período do ano passado.
Os gastos com depreciações e amortizações no terceiro trimestre de 2024 sofreram um aumento de 2 milhões de euros (mais 22%), sobretudo devido à existência de duas novas aeronaves na frota, comparativamente ao período homólogo. Os resultados antes de juros e impostos (EBIT) no terceiro trimestre foram igualmente positivos em 9,2 milhões de euros, totalizando 15,7 milhões de euros negativos no acumulado até setembro.
Não obstante os resultados líquidos continuarem pressionados pelos elevados gastos operacionais e financeiros, totalizando 34,9 milhões negativos até setembro, o resultado líquido do terceiro trimestre de 2024 foi positivo em 2,8 milhões de euros.
Para inverter os resultados económicos registados no primeiro semestre de 2024, a empresa tem vindo a reformular o plano operacional, com foco nas rotas core da empresa, na ligação dos Açores a Portugal Continental, à diáspora e às principais origens de turistas nos Açores (Espanha, França, Alemanha e Itália).
Também tem desenvolvido medidas que visam a melhoria da eficiência operacional, nomeadamente a reformulação do catering, a introdução do serviço de vendas a bordo e a reestruturação dos canais de atendimento ao cliente SATA, cujos impactos que começam já a ser visíveis no controlo de custos operacionais.
SATA Air Açores com aumento na taxa de ocupação média dos aviões
A SATA Air Açores apresentou, no terceiro trimestre de 2024, receitas de 39,1 milhões de euros, menos 1,8 milhões que em igual período do ano anterior. Em termos acumulados, as receitas alcançaram 90,5 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano (mais 4,9% em relação ao mesmo período do ano anterior) e refletem a crescente procura face à oferta, que se traduziu num aumento na taxa de ocupação média dos aviões (load factor) não só no trimestre face ao período homólogo (81,1% vs 79,3%), como também nos valores acumulados, tendo evoluído de 74,5% para 77,5% nos primeiros nove meses do ano.
A subida de custos é resultado, maioritariamente, do aumento de custos com pessoal, (mais 2,6 milhões de euros, mais 18,1%) e com irregularidades/ indemnizações e ACMI em 1,8 milhões de euros comparativamente ao 3ºTrimestre de 2023, e gastos com manutenções de aeronaves em cerca de 2,1 milhões de euros, (mais 82%) e que resultam de eventos de manutenção não programados e de encargos com alugueres de motores necessários à continuidade das operações.
O resultado deste conjunto de fatores traduziu-se num aumento dos custos operacionais acumulados até setembro de 2024, que totalizaram 87,9 milhões de euros, mais 19% que o verificado no período homólogo de 2023. Este acréscimo de receita e melhoria dos indicadores de load factor refletem o aumento do número de passageiros transportados, mais 21 mil passageiros (mais 6%) no terceiro trimestre de 2024, comparativamente ao terceiro trimestre de 2023, e mais 44 mil passageiros (mais 6%) acumulado a setembro face a igual período de 2023.
O aumento da receita não foi suficiente para acomodar o incremento de custos operacionais que subiram, no terceiro trimestre de 2024, em 6,6 milhões de euros (mais 23,1%) face ao mesmo período de 2023, e 13,9 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2024 comparativamente a igual período do ano anterior, causando uma pressão adicional sobre o EBITDA da companhia.
Considerando o aumento dos custos superior à receita, assistiu-se a uma deterioração do resultado operacional antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) face a 2023, tendo ascendido a 3,8 milhões de euros positivos no 3ºTrimestre de 2024, que compara com 12,3 milhões de euros positivos no 3ºTrimestre de 2023. Nos primeiros 9 meses de 2024, o EBITDA foi positivo em 2,6 milhões de euros, que compara com 12,2 milhões de euros em igual período do ano anterior.
O resultado líquido do terceiro trimestre foi positivo em 800 mil euros, ainda que muito pressionado pela redução de EBITDA face ao mesmo trimestre de 2023 (5,8 milhões de euros). Em termos acumulados, o resultado líquido cifra-se em 8,2 milhões de euros negativos, que compara com 5,6 milhões negativos registados no ano anterior em igual período, ainda que tenha registado uma substancial redução dos encargos financeiros (impacto da amortização antecipada de um empréstimo bancário de 60 milhões de euros em setembro de 2023).
Merece, ainda, referência as medidas implementadas pela empresa com o objetivo de inverter os resultados económicos alcançados no primeiro semestre de 2024, nomeadamente a maximização das receitas e a adoção de medidas de contenção de despesa e de estabilização dos custos com a manutenção, cujos impactos começam já a ser visíveis no controlo de custos operacionais.
SATA Gestão de Aeródromos aumenta receita em 7%
A SATA Gestão de Aeródromos registou um incremento de receita proveniente de exploração aeroportuária em linha com o aumento de tráfego nos aeroportos da Região Autónoma dos Açores, muito assente no aumento de produção verificado na SATA Air Açores. As vendas e serviços prestados alcançaram até setembro de 2024 um total de 3,1 milhões de euros, que compara com 2,9 milhões de euros verificados em igual período do ano transato, traduzindo-se numa variação de +7%.
De notar que, em adição às vendas e serviços prestados, foi registada uma estimava de Reequilíbrio Financeiro no valor de 896 milhares de euros, referente ao período decorrido do 4ºano de exploração do contrato de concessão.
Os custos operacionais, por sua vez, totalizam 4,2 milhões de euros, tendo registado um aumento de 265 milhares de euros, +7% quando comparado com o período homólogo.
O aumento de receitas superior ao aumento de custos traduziu-se num incremento de EBITDA. O EBITDA registado foi negativo em 184 milhares de euros, o que representa uma melhoria de 828 milhares de euros em comparação com igual período em 2023.
O resultado líquido da Empresa mantém a evolução positiva, tendo passado de 777 milhares de euros negativos para um resultado líquido negativo de apenas 11 milhares de euros.
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Glossário|
Cask: Cost per available seat kilometer, custos operacionais divididos por lugar-quilómetro.
Rask: Revenue per Available Seat Kilometer, receita operacional por assentos-quilómetro oferecidos - receita operacional dividida pelo total de assentos-quilómetro oferecidos.
ASK: Available seat kilometer / Lugar-quilómetro - número total de lugares disponíveis para venda multiplicado pelo número de quilómetros voados.
Load Factor: Número total de passageiro-quilómetros (RPK) dividido pelo número total de lugar-quilómetros (ASK).
EBITDA: Resultado operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortização.